No Rio de Janeiro, técnicas digitais estão sendo utilizadas com o apoio da pesquisa da Universidade de Heidelberg para entender melhor a distribuição dos mosquitos e, assim, coordenar de forma mais eficiente as intervenções contra a dengue. No nosso artigo de newsletter de novembro, “Controle da Dengue no Rio de Janeiro: Um Olhar nos Bastidores”, descrevemos essas técnicas em detalhes. Neste mês, queremos mostrar como a pesquisa da Universidade de Heidelberg pretende dar um passo adiante para tornar o monitoramento dos mosquitos e o planejamento das intervenções contra a dengue ainda mais inteligentes. 

Qual é a situação atual do planejamento de intervenções contra a dengue? 

Atualmente, pequenas armadilhas para mosquitos – recipientes plásticos cheios de água – são distribuídas em diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro. Uma vez por mês, essas armadilhas são recolhidas para contar quantas larvas e ovos de mosquito foram encontrados nesses locais. Esse processo permite monitorar a população de mosquitos e planejar intervenções. A nossa pesquisa possibilita transformar esses dados locais das armadilhas em mapas abrangentes de distribuição dos mosquitos. No entanto, uma limitação desse método atual é a baixa resolução temporal dos mapas, já que o alto custo da análise manual das armadilhas impede uma coleta de dados mais frequente. 

Como esse processo poderia ser melhorado? 

No futuro, queremos desenvolver armadilhas inteligentes para mosquitos que monitorem continuamente a população desses insetos. Como isso funcionaria? As armadilhas inteligentes seriam equipadas com um microfone e um software avançado capaz de contar automaticamente os mosquitos que passam por elas. Por meio de programas específicos – redes neurais – o sistema seria capaz de reconhecer o zumbido dos mosquitos. Além disso, poderia até diferenciar as espécies, pois cada tipo de mosquito tem um padrão único de batimento de asas. Embora essas armadilhas sejam um pouco mais caras inicialmente, a longo prazo elas ajudariam a reduzir custos, pois eliminariam a necessidade de análise manual e permitiriam uma resposta mais rápida ao aumento dos casos de dengue. 

Esse estudo faz parte de um campo maior chamado bioacústica, que não se limita apenas aos mosquitos, mas também estuda os sons emitidos por diversos outros animais. Atualmente, estou em Cidade do Cabo, na África do Sul, no African Institute for Mathematical Sciences, onde trabalho com sons de espécies ameaçadas de primatas, como os gibões-de-hainan, além do canto das baleias. A partir das gravações sonoras, podemos mapear os habitats desses animais para protegê-los de maneira mais eficiente. A metodologia desenvolvida na bioacústica será posteriormente aplicada no desenvolvimento das armadilhas inteligentes para mosquitos no Rio de Janeiro 

Heróis contra a Dengue constroem suas próprias armadilhas 

Para que nossos Heróis contra a Dengue possam experimentar a ciência por conta própria, incentivamos que construam suas próprias armadilhas simples, de garrafa PET, e analisem a presença de mosquitos em suas casas. Com o conhecimento adquirido no projeto, eles poderão identificar as causas do alto número de mosquitos em determinadas áreas e encontrar maneiras de combatê-los. 

Por Steffen Knoblauch

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